"there is a natural mystic flowing through the air" bob marley
Esta noite sonhei com Glauco. Entrei no restaurante 888, o salao, enorme, estava vazio, os aquarios também vazios, as mesas com as cadeiras por cima, com exceçao de uma no canto. La estava Glauco contemplando delicadas formas da fumaça que saiam de um copo de chá. Eu me aproximei e o chamei, surpreso, como que para me certificar se era ele mesmo. Ele me respondeu com familiaridade num cantones sem sotaque, pedindo que eu me sentasse e servisse-me do chá . Seguiu-se um silêncio de um tempo que parecia ser contavel em horas, mas podiam ser segundos. Glauco rompe o silêncio gritando alto por mais chá. Daí alguns instantes o Alvarenga sai da cozinha praguejando (em cantonês!) e gesticulando muito, provavelmente para funcionarios imaginarios ou invisíveis para mim. Trouxe outro bule de chá e saiu fazendo um gesto de reverência. Eu perguntei para o Glauco por que ele havia escolhido o restaurante 888. Ele sorriu e disse que na verdade nem gostava da comida dali, escolhera o restaurante por causa das janelas. De repente, colocou óculos escuros, perguntou se eu estava pronto e saiu pela janela, antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo.
Eu acordei com esse sonho no meio da noite, eram 4:02. Espreguicei-me, fiquei pensando no sonho, ajeitei as cobertas me preparando para tentar dormir novamente. 4:05 a terra começou a tremer, tremeu por cerca de 20 segundos. O tremor foi fraco por aqui, nenhuma casa caiu na vizinhança, pelo menos que tenhamos ficado sabendo até agora. A sensacao eh como se a casa estivesse sendo colocada sob os trilhos do metro enquanto ele se aproxima (sem nunca chegar).
Trata-se de um pequeno evento, as pessoas vão para a porta das suas casas e aguardam durante alguns minutos do lado de fora. Os vizinhos trocam impressões sobre o tremor, algumas crianças brincam com lanternas. Passados cerca de 20 minutos, sem sinal de novos tremores todos comecam a retornar para dentro das suas casas. Acho que eu estava pronto.
